De volta a BH, eu resolvi fazer um passeio que ha' tempos eu vinha planejando: percorrer algum trecho da Estrada Real. Pra quem nao conhece, a Estrada Real e' um conjunto de caminhos criados na epoca colonial utilizado basicamente para levar as riquezas das Minas ate' o litoral.
A Estrada e' formada por 3 caminhos principais: o Caminho Velho, que liga Paraty a Ouro Preto; o Caminho Novo, que liga o Rio de Janeiro a Ouro Preto e o Caminho dos Diamantes, que liga Ouro Preto `a Diamatina. A principio, eu estava planejando percorrer o Caminho Velho, para tentar pegar um pouco de praia na regiao de Paraty. Entretanto, as chuvas ja' chegaram ao sudeste, entao conclui' que esta nao era uma boa ideia, ja' que o sul de Minas e o Rio sofrem muito na epoca das chuvas. Entao, resolvi fazer o Caminho dos Diamantes, pois a perspectiva era de menos chuva rumo ao Norte de Minas.
Os objetivos da viagem eram os seguintes:
- Visitar o maior numero de cidades possivel.
- Conhecer lugares onde eu com certeza vou voltar pra visitar com mais tempo.
- Fotografar coisas interessantes nas cidades e tambem no caminho.
- Usar apenas etanol durante todo o trajeto.
- Estar de volta em BH no sabado a tarde!
Sem muita programacao, sai' de BH na quarta-feira, exatamente as 12h12. Paradinha rapida pra sacar uma grana e calibrar o pneu do carro, que ja' estava com o tanque cheio. A primeira parada seria em Ouro Preto, onde rapidamente cheguei sem problemas.
Em Ouro Preto, resolvi dar uma parada na Praca Tiradentes, pra tirar umas fotos e comecar a documentar a viagem :)
Praca Tiradentes em Ouro Preto
Museu de Ouro Preto
Na Praca Tiradentes ha' um escritorio de informacoes turisticas, onde consegui um mapa excelente da Estrada Real. Tambem tomei um cha' e comi uma tortinha, pra ter energia pra seguir em frente. Segui para Mariana por dentro da cidade e passei pelo distrito de nome Passagem de Mariana, bem legal. Vou voltar la' pra fazer o tradicional passeio de trem pela mina.
Logo cheguei a Mariana e fui direto pra Igreja de Sao Pedro dos Clerigos, cuja fotinha pode ser vista abaixo.
Igreja dos Clerigos em Mariana
Depois desci e fui pra outra igreja, cujo nome nao me lembro, mas cuja foto esta' a seguir:
Outra igreja em Mariana.
Eu nunca tinha ido `a Mariana e gostei bastante da cidade. Certamente vou voltar la' pra visitar com mais tempo.
Rapidinho peguei a BR com destino a Catas Altas, onde cheguei as 16h20. Achei a cidade super bem conservada, o Centro Historico e' bonito e ha' varias placas com informacoes turisticas. Ai abaixo algumas fotos da cidade.
Matriz de Catas Altas
Igrejinha em Catas Altas
Vista Panoramica de Catas Altas
Essa e' uma cidade onde eu com certeza vou voltar. A cidade em si ja' vale a visita, e alem disso ela esta' no pe' da Serra do Caraca: tem montanhas lindas e tambem varias cachoeiras!
De Catas Altas, rumei pra Santa Barbara. As duas cidades estao bem proximas, por isso cheguei as 16h55 em Santa Barbara. A cidade e' grandinha, mas o centro historico e' bonito e bem conservado. Infelizmente a matriz estava em reforma.
Igreja de Santa Barbara
Bela casa do Centro Historico de Santa Barbara
Em Santa Barbara fiz o primeiro abastecimento: coloquei R$ 20,00 de etanol, que renderam 10.1 litros.
Saindo de Santa Barbara, fui para o Santuario do Caraca, onde eu pretendia dormir. O Caraca foi certamente um dos pontos altos (sem trocadilhos) de todo o passeio. A serra e' linda, a natureza e' exuberante e o santuario e' muito bem cuidado.
Fiz o check-in na pousada do santuario por volta de 18h. Me cobraram R$ 105,00 pra uma noite, incluindo cafe' da manha, almoco e jantar. Nao e' muito barato, mas eu acho um valor justo por tudo que o Caraca te reserva. Como era dia de semana, havia apenas uns 15 hospedes no Santuario, varios gringos.
O Santuario do Caraca
Fonte do Santuario
Interior da igreja do Santuario
Interior da Igreja do Santuario
A bela natureza do Santuario, que se localiza a 1297 metros
A vida passa devagar no Caraca ...
Mais info sobre o Caraca
De 18h30 as 19h30 o jantar e' servido, no fogao a lenha. A comida e' simplesmente espetacular. Sopa, salada, arroz com feijao, carne de boi, frango, couve, batata-frita, macarrao. Eu tava morrendo de fome pois nao havia almocado, a ultima refeicao tinha sido a torta em Ouro Preto. Eu comi muito, enquanto apreciava uma Boehmia bem geladinha (R$ 2,50 a lata).
Apos o jantar eu fui pro adro da igreja e quando cheguei la, surpresa! O padre ja' havia colocado a vasilha com carnes e frutas no adro, e o lobo-guara' estava la'! Eu nao sei se ele se assustou com a minha chegada, e na hora desceu a escada e foi embora. Eu fiquei chateado pois a visita do lobo-guara' e' umas coisas mais especiais do Caraca.
Sentei no chao com a camera e fiquei esperando o lobo voltar. E depois de uns 45 minutos, eis que ele surge na escadaria e vem comer na vasilha. Ele chega muito perto das pessoas, uns 4 ou 5 metros. Realmente e' uma experiencia muito legal ver o lobo-guara' assim, de pertinho. Ele e' muito arisco: pega a comida na vasilha e vai mastigar perto da escada. Dessa maneira, ele foge rapidinho se alguma coisa o assustar. Ele deve ter ficado uns 10 minutos perto da gente, e logo depois foi embora novamente. E' bem dificil fotografar pois a luz e' pessima, mas eu consegui as fotos abaixo:
O lobo-guara' do Caraca
Eu fiquei esperando ate' meia-noite, mas ele nao voltou
Esperando que ele voltasse mais uma vez, eu fui ate' o quarto e busquei o tripe. Como o frio havia comecado, eu busquei uma garrafa de vinho no butequinho que os padres abrem (Periquita, 375 ml, R$20).
Mas o lobo nao vinha. Os outros hospedes foram perdendo a esperanca e foram dormir. Nessa hora eu ja' tinha buscado outra garrafa de vinho, pois o frio tava pegando. Eu comecei a bater papo com um cara que estava la' fotografando tambem. Ele havia chegado com a esposa no mesmo horario que eu, numa Land Rover muito massa. O cara e' fotografo profissional, tem uma Nikon violenta e ate' me deu uns toques pra melhorar as fotos a noite.
Bem, esse cara e' o Robert Ager, um ingles que mora no Brasil e que deu a volta ao mundo com a esposa numa Land Rover, em 2002. Veja mais informacoes sobre eles aqui: http://challengingyourdreams.com/?page_id=431
Agora eles estao fazendo uma expedicao pelo Brasil, viajaram pelo pais todo, mais de 40 mil quilometros de passeio! Esta e' a pagina da expedicao deles: www.brasilporterra.com (vale a pena visitar. Apos alguns minutos lendo os relatos e fotos, da' vontade de fazer o mesmo que eles. Mas ta' faltando um pouco de coragem...).
Voltando ao lobo, ele nao veio mesmo. O Robert desistiu por volta de 23h30, pois ele ia ficar mais uma noite e teria mais uma chance. Como eu nao ia ficar mais, resolvi tentar mais um pouco, mas fui dormir logo depois da meia-noite.
Final do primeiro dia. Eu tinha andado 208.6 km nesse dia.
No outro dia acordei bem cedo, tomei o cafe' maravilhoso da hospedaria do Santuario e fui dar umas voltas. Fiz uma caminhada de uns 15-20 minutos (ida, 10 min volta) ate' a Capelinha:
Capelinha do Caraca
Visual na trilha ate' a Capelinha
Depois peguei o carro e rumei pra saida do parque. Ainda dei uma parada em uma piscina natural que fica a uns 5km da sede do santuario:
Piscina natural
Nao fiz muitos passeios porque queria voltar logo pra estrada e, alem disso, a simpatia com o Caraca foi tao grande que eu certamente vou voltar la em breve pra conhecer o maximo possivel do parque. Quero dar uma treinada pra tentar chegar ao Pico do Sol, o ponto mais alto do Caraca (2072 metros, 10km de caminhada).
Voltei entao pra estrada as 10h30, rumo a Barao de Cocais. Dei uma voltinha rapida na cidade, que nao e' pequena e por isso nao tem o charme de Catas Altas, por exemplo. Tirei apenas algumas fotos proximo ao Santuario de Sao Joao Batista:
Santuario de Sao Joao Batista em Barao de Cocais
Voltei pra estrada novamente. Mais `a frente, peguei a BR 381 com destino a Bom Jesus do Amparo, onde cheguei as 12h08. A cidade tem uma praca bem charmosa, onde fica a bela matriz:
Matriz de Bom Jesus do Amparo
De Bom Jesus, fui para Ipoema, distrito de Itabira, onde cheguei as 12h25, por uma estradinha de terra. Eu ja' tinha ido a Ipoema no feriado de 12 de Outubro com a Claudinha e esse distrito e' lindo, certamente merecia um post so' pra ele. Possui muitos atrativos naturais (varias cachoeiras, o Morro Redondo, bosques) e e' onde se situa o Museu do Tropeiro - um museu bem completo sobre a atividade dos tropeiros em Minas Gerais.
Museu do Tropeiro de Ipoema
Como eu ja' conhecia Ipoema, nao fiquei muito tempo por la'. Mas eu recomendo fortemente uma visita de pelo menos uns 3 dias nesse belo cantinho de Minas. Nao se esqueca das cachoeiras e da visita ao povoado de Serra dos Alves.
Serra dos Alves, um povoado onde voce tem que ir em Ipoema.
Aqui ocorreu o segundo abastecimento: novamente R$ 20,00, 10.4 litros de etanol.
De Ipoema, o proximo destino era Senhora do Carmo (tambem distrito de Itabira e tambem com acesso por estrada de terra, cerca de 15 km). Nao vi muita coisa nesse distrito. Tem uma geografia interessante, ja' que a igreja e' no alto do distrito. O visual na entrada e' legal, com a igreja e uma bela formacao rochosa ao fundo.
Visual da entrada em Senhora do Carmo
Atras dessa bela formacao rochosa, se encontra o proximo destino da viagem: Itambe' do Mato Dentro. Durante todo o trajeto de estrada de terra, essa formacao se posiciona `a esquerda. A viagem e' curta e a estrada e' razoavel.
Visual na estrada entre Senhora do Carmo e Itambe' do Mato Dentro
Da' pra manter acima de 35 km/h por longos trechos. Itambe' e' bem legal, mas e' a primeira cidade que vejo que tem um mata-burro na entrada (na verdade dois, tem um outro mais `a frente).
(apesar do mata-burro na entrada, eu consegui chegar a Itambe' :)
Outra curiosidade e' que a rua central da cidade se chama ... "Rua Central" :)
Rua Central de Itambe'
Ha' varias placas espalhadas pela cidade com o mapa dos atrativos turisticos. Sao varias (varias mesmo!) cachoeiras e quedas d'agua. Certamente vou voltar a Itambe' do Mato Dentro pra conhecer algumas destas cachoeiras.
Ta' ai a foto da matriz da cidade:
De volta a estrada, agora rumo a Morro do Pilar. Novamente, uma boa estrada de terra. O visual e' bem bonito, ha' duas belas pontes sobre um rio escuro. O que nao gostei foi da cidade. Estava chovendo um pouco e a rua principal nao era asfaltada, entao estava com muita lama. Eu fiquei com preguica de procurar alguma informacao turistica e resolvi seguir em frente.
Essa foi a unica cidade que eu nao fotografei. Eu dei uma olhada no Google e parece que la' tem umas cachoeiras bacanas, entao talvez eu de^ uma segunda chance `a cidade quando voltar a Itambe :)
O proximo destino era Conceicao do Mato Dentro, cujo acesso tambem era por uma boa estrada de terra, apesar de 2 pequenos atoleiros no meio do caminho.
Atoleiro na estrada
Um pequeno Canion na estrada para Conceicao
Eu gostei bastante de Conceicao do Mato Dentro. Logo na chegada eu encontrei o posto de informacoes turisticas e o pessoal foi super atencioso. Ganhei um encarte que tem informacoes sobre os diversos atrativos turisticos de Conceicao, e la' tem muita coisa pra se fazer. Varias cachoeiras, muita rocha.
Aqui eu abasteci R$40 de etanol e como eu nao tinha muito tempo, resolvi visitar o Salao de Pedras, pois fica perto da cidade e de acordo com o encarte esse e' um dos melhores lugares do mundo pra pratica de boulder!
Visual no Salao de Pedras
Um dos boulders que eu tentei mandar, mas tava foda :)
Ta ai a prova de que a galera realmente pratica boulder nesse lugar: o magnesio na rocha!
Estado do carro no Salao de Pedras
Entao fui pro distrito de Tabuleiro, onde eu pretendia dormir. Sao 18km e a estrada nao e' muito boa. La' tem um hostel e eu parei pra saber o preco. R$40 reais o quarto, mas resolvi nao ficar porque nao tinha ninguem mais por la. E eu nao podia ir ate' a cachoeira do Tabuleiro porque ja' era quase 17h e o parque so' fica aberto ate' as 15h. Como estava comecando a chover e eu seria o unico hospede, eu desisti de ficar por la'. Peguei a estrada de volta, de onde pude pelo menos tirar umas fotos da cachoeira do Tabuleiro:
Tabuleiro
Nao fiquei muito chateado pois eu certamente vou voltar a Conceicao do Mato Dentro, entao terei nova oportunidade de visitar a Cachoeira do Tabuleiro.
De volta a Conceicao, pensei em arrumar uma pousada pra ficar por la'. Eu ja' tinha andado muito no dia. Liguei pra uma das pousadas que tinha no encarte da cidade e me pediram R$ 100,00 pela diaria. Achei caro e entao resolvi pegar a estrada e ir pro Serro!
Esse trecho e' bem cansativo. Sao 60 km de estrada de terra. Os primeiros 35 km sao bons, mas o restante e' osso. Muitos buracos, muitas "costelas" e muitas carretas. Alem disso comecou a chover, foi foda.
Estradinha pro Serro. Esses ultimos 23km sao terriveis
Quando cheguei ao Serro, ja' passava das 20h. Tava bem cansado e procurei logo uma pousada. Me indicaram a Pousada do Queijo, pousada charmosa que fica no centro historico e onde consegui um quarto muito bom (banheiro, TV, cafe' da manha, internet sem fio e wireless!) por R$ 35.
Pousada do Queiro, Serro. Recomendo!
Banho rapido e sai pra jantar (na verdade, almocar). Me indicaram 4 restaurantes, mas acabei indo em um dos mais proximos `a pousada (Restaurante Itacolomi, que fica no segundo andar de um sobrado antigo, aquele classico casarao do interior de Minas). Como eu cheguei meio tarde, era o unico cliente. Comi um excelente jantar de arroz, feijao tropeiro, farofa de ovo, vinagrete e picanha na chapa por R$22 (meia-porcao, o prato normal e' R$44 pra duas pessoas). Tomei uma Skol 600ml, por R$ 3,70. O gerente/garcom, sr. Alexandre, foi super gente fina e me deu varias dicas de passeios a se fazer. Tambem comentou um pouco sobre a situacao da cidade e da regiao. No final, paguei com uma nota de R$ 50, e como ele nao tinha troco, me cobrou R$24. Voltei pra pousada as 22h enquanto o sino da Matriz tocava as 10 badaladas.
No outro dia sai cedo pra conhecer mais a cidade. La' tem varias igrejas bonitas:
Igrejas do Serro
E a localizacao da Igreja de Santa Rita e' bem legal. Ela fica no alto da centro historico e ha' uma escadaria pra chegar ate' ela:
Igreja de Santa Rita, Serro.
Centro Historico do Serro
Escadaria entre o Centro Historico e a Igreja de Santa Rita
Sai do Serro as 10h45. Ate' entao, eu ja tinha andado 509.1 km (ou seja, andei cerca de 250km de estrada de terra no segundo dia!). Antes de ir embora, novo abastecimento. Mandei completar com etanol: R$65, 31,71 litros.
Peguei a estrada de terra pra fazer o roteiro de cerca de 70km composto por Milho Verde, Sao Goncalo do Rio das Pedras e Diamantina. Ha' uma obra para asfaltar todo esse trecho, entao ha' muitas maquinas e caminhoes na pista. Logo no inicio ha' um trecho bem ruim, o Uno quase atolou. Tive que lancar mao de algumas das tecnicas milenares de direcao em estradas de terra que aprendi quando o trecho entre Calambau e Piranga nao era asfaltado.
Apos esse trecho com obras, a estrada melhora um pouco e passa por alguns pequenos povoados.
Entrada e Igreja do povoado Tres Barras
A estrada piora novamente proximo ao distrito de Milho Verde. Quando cheguei ao distrito, estava comecando a cair uma chuva mais ou menos forte, entao fiquei com preguica de andar muito por ali e de descer do carro pra tirar fotos. Tirei uma foto na entrada e outra de um gramado que tem no meio da cidade.
Entrada de Milho Verde e vista do distrito
Eu sei que Milho Verde tem diversas cachoeiras, mas com a chuva seria impossivel visita-las. Alem disso, eu estava bem preocupado com a estrada. Por isso, fui logo para Sao Goncalo do Rio das Pedras, que fica a 5km de Milho Verde. A estrada e' de areia e muito ruim. Estava com muitos buracos por causa das chuvas dos ultimos dias, mas pelo menos nao ha' nenhum risco de atolar.
Chegada em Sao Goncalo
Igrejinha em Sao Goncalo
Olha a situacao do carro neste momento:
Uninho na chegada a Sao Goncalo
Galinhas passeando pela cidade. Isto e' Minas Gerais, meu amigo!
No centro historico eu tomei um pingado (muito bom) e comi um pao de queiro (excelente), por R$ 1,40. Tambem comprei dois queijos, meio curados, por R$7 cada.
Saca so' a bela matriz de Sao Goncalo do Rio das Pedras:
Matriz de Sao Goncalo
Cavalos pastando ao redor da Igreja. Isto e' Minas Gerais, meu amigo!
Eu certamente vou voltar a Sao Goncalo do Rio das Pedras. Alem da beleza da cidade, la' tem varias cachoeiras bem proximas.
Pe' na estrada novamente, agora rumo ao destino final da viagem. A estrada era razoavel e o visual era espetacular. Muitas pedras, muitas rochas. Essa ai e' a bela divisa entre os municipios do Serro e Diamantina (lembrando que Tres Barras, Milho Verde e Sao Goncalo sao distritos do Serro):
Ponte sobre o Jequitinhonha que divide Serro e Diamantina
Visual em cima da ponte, o pequeno canion do Jequitinhonha
Antes de Diamantina, passei ainda pelo povoado do Vau, que se localiza `a beira do Jequitinhonha:
Igrejinha do povoado com o cachorro preguicoso
Achei engracada essa placa.
Eu andei bem devagar, mas nao vi nenhum pedestre animal neste trecho da estrada
Eu parei algumas vezes pra fotografar e tambem pra escalar essa pedrinha ai de baixo:
Devia ter uns 3.5 metros, bem sussa.
Nem precisava da sapata, mas coloquei so' pra evitar qualquer escorregao
Tinha uma bela cachoeira na beira da estrada:
Finalmente, apos 577,3 quilometros, eu cheguei em Diamantina as 14h20 de sexta-feira. Essa ai e' a primeira foto de Diamantina, do tradicional Mercado Velho:
Saudoso Mercado Velho de Diamantina
Eu estava bem cansado e fui logo procurar uma pousada. Me hospedei na Pousada Gameleira (http://www.mundi.com.br/Hotel-Hotel-Pousada-Gameleira-Diamantina-140403.html), em um quarto pequeno, mas arrumadinho e com banheiro. Paguei R$40, o que achei bem razoavel, dado que a hospedagem incluia cafe' da manha e a pousada era muito bem localizada, no centro historico da cidade. Tomei um banho e sai pra almocar.
Fui direto ao ponto onde ocorre a Vesperata, mas devido `as chuvas de verao, a ultima do ano tinha sido realizada no dia 23/10. Sentei num bar/restaurante onde serviam chopp da Backer! Pedi uma picanha com angu mas o acougue nao tinha levado a picanha no dia! Entao mudei pra uma panqueca de carne, mas o acougue tinha esquecido a carne moida tambem. Entao comi uma lasanha (R$ 17,00). Tomei uns 6 ou 7 chopps.
Tem Backer em Diamantina!
Voltei pra pousada pra deixar a camera e fui pra rua novamente. Fui em 2 butecos. Em um deles cobrava-se R$ 5 por 3 Bavarias! E em um outro que ficava na praca do Mercado (nao lembro o nome, mas era alguma coisa do Gilmar).
Conheci uma galera da UFVJM, uma mocada maluca da zootecnia e uma galera de Cuiaba' que estava la' pra um congresso. Ninguem acreditava que eu estava fazendo a Estrada Real sozinho. E muito menos num Uno. Todo mundo me perguntava se eu estava de jipe ou 4x4 :-)
Fiquei impressionado como o povo fuma maconha ao ar livre em Diamantina.
No outro dia acordei por volta de 9h, tomei um cafe' rapido e sai pela cidade. Tirei umas fotos do Passadico da Gloria e do respectivo museu. O tempo estava fechando e eu nao queria pegar chuva na estrada, entao resolvi voltar logo pra BH. Eu nao fui a Biribiri porque o acesso estava ruim. Como eu certamente vou voltar a Diamantina (gostei bastante de la tambem), eu nao fiquei muito preocupado e deixei todas as demais atracoes para a proxima viagem.
A tradicional janela dos casaroes de Minas Gerais
O Passadico da Gloria, Diamantina
Criancas tendo aula no museu FTW
Entao, peguei a estrada de volta pra BH. No trevo de Gouveia, eu errei o caminho. Eu achei que tinha que voltar pro Serro, entao fui ate' la'. Chegando la', abasteci novamente (R$ 45, 21,9 litros de etanol). O cara do posto me explicou que eu teria que voltar ate' o trevo de Gouveia. Eu fiquei meio puto por nao ter ligado o GPS antes, mas fui pra estrada voltar. Eu devo ter andado uns 150km extras so' por causa dessa bobagem, mas valeu a pena porque eu passei pela nascente do Rio Jequitinhonha, conheci uma cidade chamada Datas e descobri que temos em Minas uma cidade chamada Presidente Juscelino e outra Presidente Kubitschek, e elas estao a uns 50km uma da outra :-)
A viagem de volta foi caotica, porque eu enfrentei muita chuva e havia tres acidentes graves envolvendo carretas na BR 040, e eu perdi pelo menos umas 3 horas em todos os congestionamentos (o lado positivo e' que fiquei jogando Angry Birds e consegui 3 estrelas em mais algumas fases). Foi legal tambem pra observar a diferenca de vegetacao ao longo do caminho: perto de Diamatina, muitas rochas, arvores baixas e muita vegetacao rasteira. Perto de Curvelo e Cordisburgo, da' pra conhecer claramente o classico cerrado, tao bem explicado pelo Guimaraes Rosa.
Apos 1016,1 quilometros percorridos durante 4 dias pelas estradas de Minas, eu finalmente cheguei em casa. Foram 4 dias bem aproveitados, durante os quais pude conhecer mais de algumas regioes que eu nao conhecia. Vivi um pouco do dia-a-dia de pequenas cidades, pude presenciar toda a desconfianca dos mineiros, que paravam a prosa pra me espiar quando eu chegava em alguma cidade e vi paisagens exuberantes. Eu realmente recomendo esse passeio se voce quer conhecer mais sobre Minas Gerais. Eu tenho certeza que vou percorre-lo novamente, com mais tempo, pra curtir ainda mais cada pedacinho conhecido nesta viagem.
RESUMO DA VIAGEM:
- Total percorrido: 1016.1 km
Cidades, distritos e povoados visitados:
- Ouro Preto (parada pra fotos)
- Passagem de Mariana (somente passagem)
- Mariana (parada pra fotos)
- Catas Altas (parada pra fotos)
- Santa Barbara (parada pra fotos)
- Santuario do Caraca (parada pra fotos; jantar; pernoite)
- Bom Jesus do Amparo (parada rapida pra fotos)
- Ipoema (parada rapida pra fotos)
- Senhora do Carmo (parada rapida pra fotos)
- Itambe do Mato Dentro (parada pra fotos)
- Morro do Pilar (somente passagem)
- Conceicao do Mato Dentro (parada pra fotos; visita ao Salao de Pedras)
- Tabuleiro (parada pra fotos)
- Serro (parada pra fotos; jantar; pernoite)
- Tres Barras (parada rapida pra fotos)
- Milho Verde (parada rapida pra fotos)
- Sao Goncalo do Rio das Pedras (parada pra fotos; cafe; queijos)
- Vau (parada rapida pra fotos)
- Diamantina (fotos; almoco; cerveja; pernoite)
Gasto:
Hospedagem (total: 180,00)
- 105 (caraca)
- 35 (serro)
- 40 (diamantina)
Etanol (considerando que sai com o tanque cheio): total gasto = R$ 190
- 20 em Santa Barbara
- 20 em Ipoema
- 40 em Conceicao do Mato Dentro
- 65 no Serro
- 45 no Serro (na volta)
Outros (total aproximado: 150,00)
- +/- 15,00 (lanche em Ouro Preto)
- 42,50 no Caraca (Boehmia + 2 garrafas de vinho de 375ml)
- 24,00 no Serro (jantar)
- 1,40 (cafe + pao de queijo em Sao Goncalo)
- 14,00 (2 queijos em Sao Goncalo)
- 40,00 em Diamantina de tarde (almoco + chopps)
- nao sei quanto eu gastei no buteco em Diamantina a noite, mas deve ter sido uns R$15 no maximo)
Ou seja, da' pra conhecer esse tanto de lugar por menos de R$600!!!
A pergunta agora e' a seguinte: quem ai anima percorrer o Caminho Velho comigo? :)
Muito, muito bom o post, lindo! Parabéns!! Você é um ótimo engenheiro fotógrafo jornalista!!!
ReplyDeleteGostei da iniciativa do post e da viagem. Mas concordo com o cara é mto engenheiro. A parte dos objetivos da viagem com indicação de combustível, data de retorno e outros drives foi incrível!
ReplyDeleteEu me candidato para o outro caminho.....
Saudades,
abs,
Rodrigo
Legal demais. Eu topo te acompanhar na próxima viagem, se possível de moto.
ReplyDeleteLegal demais, eu animo
ReplyDeleteMuito bacana. Até deu vontade de fazer esse percurso também...
ReplyDeleteMuito Legal...tenho um amigo Suiço que tem um projeto de levar europeus para conhecer tais lugares...passarei a dica de seu blog
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